sexta-feira, 18 de março de 2011

Carta aos amigos

A amizade é um doce mistério que me atrai. Como que vias emparelhadas, como algo que pode ligá-las. Mas como é bom quando essas vias se cruzam. Primeiro é descobrir esse emparelhamento para então vivê-lo. Mas cada um tem um caminho e as vias podem se unir e separar constantemente. Novas vias são descobertas, mas as antigas não são esquecidas, pelo contrário, devem, como um bom vinho, melhorar com o tempo, amadurecer.
O problema é que não é fácil olhar e ver aquela via que antes estava ao lado, praticamente grudada à sua, agora mais distante. É triste. Sim, outras entram em nosso caminho, mas não como um substituto, mas como um acréscimo. Cada pessoa é única e especial ao seu modo.
Agora, como uma via andando mais devagar e podendo se dar ao luxo de olhar para as suas vias emparelhadas eu posso refletir... Que saudade daqueles tempos que não voltam mais, com cada via agora distante enquanto estava cruzada com a minha!
Estava lembrando daqueles tempos onde a luz decidiu se impor diante das trevas. Lembrei como aquele que a trouxe era próximo, como eram bons aqueles dias; bons tempos, coisas boas.
Por que tens de se afastar? Por que vai mais para longe? Não, não se afaste mais! - dizemos perante essa dor.
Sim, dor inevitável, dor necessária, dor de crescimento, dor que ensina, mas ainda assim dor.
Mais vias se afastam, se descruzam. Ainda emparelhadas, mas separadas.
Aquele que cruza e descruza, emparelha e até desemparelha, une e separa; o Senhor de tudo tem esse direito e o faz da melhor maneira. Ele deu, Ele revoga ou Ele muda. Decidi que a Ele confio. Se ele emparelhou e cruzou, em Sua sabedoria, também em Sua sabedoria Ele afasta, mas mantém. É Nele que decidi confiar porque quero viver Nele por vocês e em vocês por Ele. E até viver convosco Nele.
Sim, vias se afastam e aproximam de novo, de formas inimagináveis. E cruzadas ou distantes, estar emparelhadas já é uma dádiva. Cada via que me foi emparelhada é uma graça sem precedentes a qual agradeço constantemente. Tenha sido ela muito próxima ou nunca tanto, física ou virtual, masculina ou feminina.
Agora, entre duas fases, penso calmamente nisso. Sinto falta de cada um de vocês. Gostaria de estar individualmente perto de todos.
Quando eu fiz o meu melhor amigo, ou ele me fez, ele foi o centro do meu equilíbrio nesse tema. O tempo passou, as vias descruzaram e meu entendimento do termo evoluiu. Cada um que foi chamado 'um dos' era individualmente importante e "juntos" completavam o centro de equilíbrio.
Meu melhor amigo jamais deixou seu posto e jamais deixará. Cada boa lembrança e o quanto gosto de você é algo perpétuo. Quem você foi, quem você é e quem você será são formas de ver uma só pessoa. Meus melhores amigos me complementam, meus amigos me acompanham e também complementam. Sou o que sou por cada um de vocês também, vocês me influenciaram, fizeram ao menos a mínima diferença em determinados minutos da minha vida! Ahh, meus Pedro e João, meus irmãos, meus companheiros de vida, Il Sacro Tomodachi, ou quais formas mais chame alguns de vocês. Ficai sabendo que gosto muito de todos vocês; tenhais em mente que amo alguns de vocês.
Arranquem-me de meu estado depressivo, sejam arrancados por mim ou andem ao meu lado, esses somos nós.
Porque fiquei triste e vocês me ajudaram, se ofereceram, foram solícitos. Precisei de motivo e vocês se permitiram serem preenchidos, me ajudaram sem nem saber. Não quero estar sozinho e vocês estão ai, porque são como muitas coisas essenciais à nossa vida, nem sempre os vemos, mas sabemos que estão lá. Estão lá e se revelam em sua hora, na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença, na riqueza ou na pobreza, no amor ou no ódio, na vida ou na morte.
Sim, eu decidi confiar. Eu decidi confiar e é o melhor que posso fazer. Confiar, mas de forma ativa. Eu já disse e repito que quero arrastá-los para a luz que um dia me mostraram. Deram-me uma centelha e eu quero lhes das a plenitude da luz. Quero que encontremos juntos a Fonte de Luz. Quero que onde eu esteja, estejam comigo cada um de vocês, para vermos juntos toda a Glória maior.
Achem-me bobo, exemplar, chato, divertido, sério, engraçado, confuso, seguro ou o que quer que seja.
Cada um a seu modo é especial como só em todo o mundo. Cada um a seu modo é especial para mim. Cada um a seu modo é único e exclusivo.
E é a cada um de vocês e a todos vocês que eu dedico este texto, aqueles dignos da palavra a qual temo e amo, a palavra que sempre quis saber o que era e quando conheci descobri que o significado é o que mais importa, a palavra menosprezada e exaltada, força nos fortes e dos fortes que compõem a força. Por tudo e por todos, é por vocês, amigos.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Tudo bem?

Tudo.
Será mesmo? Já há algum tempo eu penso que o "Tudo bem?" com o qual puxamos assunto é um pouco falsidade... Muitas vezes essa singela questão é proposta já adivinhando a resposta: "Tudo".
Não sei se gosto disso. Aliás, creio que não simpatize muito. Seria mágico se todos perguntassem isso com real interesse, mas a culpa nem é mais nossa, esse cumprimento foi enraizado em nós.
É incrível quando alguém de pergunta isso e mesmo depois de responder a pessoa insiste. "O que há com você? Algo está diferente?". Se você está feliz, compartilha a sua felicidade; e se está triste, divide a sua tristeza.
Inclusive sou a favor de respostas diferentes para o "Tudo bem?". Uma das mais consagradas é o "Empurrando com a barriga". É um pouco mais sensata, diria eu. Particularmente eu uso muito o "Vivo". E quando se tem intimidade o bastante e sabe que a pessoa de fato se interessa pelo seu bem estar, por que não dizer "Mal, muito mal".
Há quem diga que quem responda isso seja só de reclamar. Pode ser que sim, pode ser que não. Depende muito da situação, da pessoa, do momento...
Mas, por favor, as coisas não estão sempre tudo bem. Então pra que nos iludir com essa de que está tudo? Seria nobre dizer que está levando, o que de fato deve ser verdade na maioria das vezes. "Levando" diz que o combate se segue, não importa o 'inimigo'.
Claro que não espero que as pessoas comecem a discursar depois dessa pergunta, seria um caos. Ela já caiu no popular, não tem volta (por hora). Ao menos seria legal se cada um tivesse uma situação onde pudesse ser inteiramente franco ao responder isso. Franco e extenso.
No mais, estamos vivos e levando a vida!
A grande questão é: Está tudo bem?